miércoles, 17 de mayo de 2017

A missão de Deus, missão de todos nos

DEUS VISITA E CONSOLA O POVO COM A LIBERTAÇÃO

A visita é um dado da nossa experiência humana. É um dado antropológico que se reveste de características particulares e de acordo com as culturas, povos e sociedades se converte em um fato cultural.

Todos os povos e cada pessoa têm experiências de visita.Também nós, nesta América pobre, índia-afro-latina, temos o nosso “jeito” de visitar e de acolher.
Podemos identificar uma multiplicidade de visitas: visitas sociais, políticas, de interesse econômico, religiosas, familiares, etc. Elas podem ser anunciadas, e portanto preparadas, ou de surpresa. As mesmas podem ser interesseiras ou gratuitas. Sempre será importante levar em conta os que visitam - pessoas individuais, representantes de instituições, grupos, famílias, comunidades ou tribos - e os que são visitados.
Aproveitamos agora para refletirmos sobre a riqueza sócio-cultural, espiritual e missionária da VISITA do Deus de Jesus Cristo.

VISITAS QUE ANUNCIAM E PREPARAM A VISITA

A visita assume uma importância singular na caminhada libertadora do Povo da Bíblia: nas “horas” de visita o Povo se consolava experimentando a presença compassiva e misericordiosa do Deus libertador e parava para celebrar a sua companhia, louvar, agradecer e invocar a suas bênçãos, tomando novo fôlego para continuar a caminhada da libertação.
O Deus dos nossos antepassados (cf. Ex 3,6) é um Deus que se faz presente e intervém na vida da humanidade através de sucessivas visitas ao seu povo ou a personagens representativos e privilegiados.
  • A visita de Deus fecunda a velhice estéril e multiplica a vida
“Javé visitou Sara”, mulher de Abraão nosso pai na fé (Gên 17, 4-6) e deu-lhe “motivo de riso”, tal como tinha prometido (cf. 17, 15-22).
  • A visita de Deus liberta os escravos e julga os opressores (Ex 3, 1-22)
“Javé, o Deus dos antepassados disse: Eu vim visitar vocês” para passar uma vistoria e “ver como estão tratando vocês aqui no Egito” (visita para inspecionar); “decidi tirar vocês da opressão egípcia e levá-los para uma terra onde corre leite e mel” (visita para libertar); mas como o opressor não facilitará a libertação de jeito nenhum o mesmo Deus disse “vou estender a mão e ferir o Egito e farei com que o povo (vocês) conquiste a simpatia dos egípcios, de modo que, ao partir, não saiam de mãos vazias” (visita de julgamento).
  • A visita de Deus devolve a esperança aos desanimados e a terra aos desterrados.
“Quando se completarem, para Babilônia, setenta anos eu visitarei vocês e cumprirei minhas promessas, trazendo-os de volta (Jr 29, 10). Esse povo do Exílio, sem segurança alguma, completamente indefeso, se apega em Deus e descobre que o mesmo Deus que o amou gratuitamente, que foi compassivo e misericordioso (Sl 25, 5-7; 145, 8-9; Lm 3, 22-23; Is 30, 15-18), continua sendo tal como era. Foi assim que confiou, esperou e captou a hora da nova visita.
Num mundo de ausência total, no meio de um povo desterrado, sem força e sem amigos, sem esperança humana, desprezado e humilhado, sem voz para fazer-se escutar e sem vontade de falar, manipulado e sem ilusões, abafado pelas estruturas econômicas e religiosas, chega a visita de Deus consolando “Consolai, consolai o meu povo diz o vosso Deus...” (Is 40,1), enchendo de palavra, com significado, o silêncio reinante no ambiente (v.9), anunciando o fim do castigo (v.2) e o começo da volta para a terra da liberdade (vv.3-5).

A VISITA DO EMANUEL

Todas as visitas de Deus nos tempos antigos, mediadas pelos seus enviados, preparavam a grande e definitiva visita, a visita pessoal, a visita do Emanuel, “que traduzido significa: ‘Deus está conosco” (Mt 1,23; cf. Is 7,14). Esta visita, anunciada e preparada com capricho, é realizada na plenitude dos tempos (Hb 1,1-4), quando “nos visita o Astro das alturas, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz” (Lc 1,78-79).Ele veio para ficar.
  • Preparação próxima: visita a Zacarias
O anjo de Deus visitou Zacarias, esposo da Isabel, os dois marcados pela esterilidade e a velhice; algum tempo depois Isabel ficou grávida e dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, no dia que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!” (Lc 1,25). Deus “socorreu Israel, seu servo, lembrando de sua misericórdia”(1,54).
Terminou para Isabel o tempo da gravidez e ela deu a luz um filho e Zacarias profetizou dizendo: Deus VISITOU o seu povo (cf. Lc 2,57-80)
Os vizinhos e parentes interpretam o nascimento de João como fruto da misericórdia de Deus para com Isabel (1,58) e se alegraram com eles.
  • Preparação imediata: visita a Maria de Nazaré
Maria, uma mulher virgem, prometida em casamento a um homem chamado José recebe e acolhe a visita do mensageiro do Deus dos antepassados que entra na sua casa:saudando-a: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo (Lc. 1,26ss).
Ela reconhece a visita de Deus e, “cheia de graça”, profetiza em nome de todos os pobres da terra: “O Todo-Poderoso realizou grandes obras em meu favor e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração; dispersa os soberbos de coração; derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; despede os ricos de mãos vazias e aos famintos enche de bens (Lc 1,46).
A visita de Deus é fonte de consolação e misericórdia: gera alegria e auto-estima (sou importante para Deus!); enche de Espírito Santo (o outro Consolador); cobre com a força do Altíssimo (providencia permanente); tira o medo e as incertezas (Lc 1, 28-30); gera Jesus na carne humana (1,30-36); abre a pessoa para o Projeto de Deus (1,38); leva à santidade pela fé (1,42-44); gera profecia no coração e nos lábios (1,4655); joga no caminho do serviço e da missão (1,39ss); expressa a sua misericórdia de geração em geração (1,50.54s).
  • A “hora” da visita: é tempo de nascimento
Lucas anunciou: “graças ao coração misericordioso do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará” (Lc 1, 78) e Pablo conformou: “quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher (Gal 4,4). É, então, tempo de ConSOLação: estamos-com o Sol que aquece, vivifica, ilumina, purifica e fortalece.
  • Durante a visita: tempo de missão
A vida de Jesus - sua palavra e atividade libertadora, sua paixão, morte e ressurreição - é a grande visita que revela a misericórdia do Deus que vem salvar o seu povo. Essa visita é caracterizada pela manifestação do amor compassivo e misericordioso que atende os mais pobres, os pecadores e os não violentos.
Ele inaugura oficialmente a sua visita lá na Sinagoga de Nazaré, atualizando as profecias
(cf. Is 61,1ss; 58,6) e desatando um processo novo: processo de Consolação-Libertaçào-Consolação, não mais referido ao futuro (o fim do mundo) já que é no “hoje” que as Escrituras se cumprem (cf. Lc 4,14-30).
Para a oração e reflexão pessoal ou grupal

  1. Todo tempo è tempo de advento e de missão, como podemos, inspirados nas visitas de Deus, ser missionários de coração compassivo a atuação misericordiosa, ministros da Consolação-Libertação entre os “aflitos” da terra?
  2. Deus continua visitando, consolando e libertando o seu povo em escravidão, a través de nós, missionários/as. Você está disposto a se tornar hospede na casa dos outros, diferentes, a sair e ir além das suas fronteiras?

    Pinturas: Carlos Alberto Zuluaga (CAZ), imc

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